Bem vindo...

A consultoria é um misto de conhecimento, muita informação, informação constantemente atualizada, empatia, percepção, sintonia interna e empatia, visão sistêmica, facilidade de encontrar caminhos e soluções, propensão e arte para a ação, novamente empatia, muito bom senso e muita facilidade de interação pessoal. Enfim, é simples, mas não é fácil!



Você é hands on?

Essa é mais uma postagem do amigo Max Gehringer, escritor, palestrante e meu conterrâneo, pois é também de Jundiaí. Acredito que esse texto já é um pouco conhecido, porém vale a pena ler de novo, reflete bem a realidade das contratações nesse nosso Brasil. o Max tem essa capacidade de em simples linhas descrever o cotidiano corporativo de forma bem clara e divertida, porém com aquela pitada de acidez caricata que torna o texto uma reflexão a parte. Atualmente ele ministra palestras sobre motivação e liderança. Bastante requisitado em palestras para grandes empresas e sindicatos. Está até num quadro do Fantástico que trata das negociações e acordos que podem ser feitos sem que haja a necessidade de um Júri. Quero um dia ter a articulação desse rapaz. Tá, já sei - por que eu não escrevo os meus próprios textos aqui nesse blog - vocês devem estar se perguntando. Quero tornar esse blog um canto no cyber espaço em que possamos aprender e dar dicas de como sobreviver nessa selva das profissões em grandes cidades. Bom, por enquanto vou acumulando histórias interessantes que vou apanhando por aí, mas dentro em breve, sobrando um tempinho, com certeza voltarei a escrever e a colocar minhas impressões e observações do mundo, sobre empregos, consultoria, dia a dia e muitas outras coisas.
Por enquanto vamos refletir um pouco. Boa leitura a todos.




Será que é a quantidade de títulos acadêmicos que importa?




Vi um anúncio de emprego. A vaga era de gestor de atendimento interno, nome que agora se dá à seção de serviços gerais.
E a empresa contratante exigia que os eventuais interessados possuíssem - sem contar a formação superior - liderança, criatividade, energia, ambição, conhecimentos de informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem hands on.
Para o felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía mesmo essa variada gama de habilidades, o salário era um assombro: 800 reais. Ou seja, um pitico.
Não que esse fosse algum exemplo absolutamente fora da realidade. Pelo contrário, ele é quase o paradigma dos anúncios de emprego atuais. A abundância de candidatos está permitindo que as empresas levantem, cada vez mais, a altura da barra que o postulante terá de saltar para ser admitido. E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aí vêm as agruras da superqualificação, que é uma espécie do lado avesso do efeito pitico...                                                                                                                          
Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tão bem preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora de atendimento interno.
E um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges, gerente da contabilidade.
- Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
- In a hurry!
- Saúde.
- Não, isso quer dizer "bem rapidinho". É que eu tenho fluência em inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em inglês se aqui só se fala português?
- E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
- O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu tenho profundos conhecimentos de informática.
- Não, não. Cópias normais mesmo.
- Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
- Fabiana, desse jeito não vai dar!
- E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
- Como assim?
- É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um desperdício do meu potencial energético.
- Olha, neste momento, eu só preciso das três có...
- Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro...
- Futuro? Que futuro?
- É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não aconteceu nada.
- Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
- Sei. Mas o senhor é hands on?
- Hã?
 - Hands on. Mão na massa.
- Claro que sou!
- Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença eu vou sair por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando eu fui contratada.
Então, o mercado de trabalho está ficando em duas facções:
1- Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não tem as qualificações requeridas.
2- E o outro grupo, pequeno mais crescente, é o dos que são admitidos mais porque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mais não poderão usar nem metade delas. Por que no fundo a função não precisava delas. Alguém ponderará- com justa razão- que a empresa estará de olho no longo prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendo preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores.
Em uma empresa em que trabalhei, nós caímos nessa armadilha.
Admitimos um montão de gente superqualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível que um visitante desavisado que chegasse de repente confundiria a nossa salinha do café com o auditório da Fundação Alfred Nobel. Mas pessoas superqualificadas não resolvem simples problemas
Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricas e no meio da estrada a Van da empresa pifou.
Com isso antes do advento do milagre do celular, o jeito era confiar no milagre do especialista, o Cleto motorista da Van.
E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês, tinha noções de informática e possuía energia e criatividade. Sem mencionar que estava fazendo Pós Graduação, só que nem sabia abrir o capô.
Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o manual do proprietário, passou um sujeito de bicicleta,
Para horror de todos, ele falava (nóis vai) e coisas do gênero.
Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a Van para funcionar.
Deram-lhe uns trocados, e ele foi embora feliz da vida.
Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as empresas modernas torcem o nariz: O que é capaz de resolver, mas não de impressionar.

2 comentários:

  1. É a mais pura verdade. Atualmente nem a vasta experiência profissional não vale se você não impressionar com todas as características pedidas. Nossas crianças já devem nascer multimidias..rsrsrs

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  2. Você me disse que texto sobre assunto consultoria seriam de letras menores... acho que você deveria repensar isso. Seus peixes estão ficando muitos gordos... eles não me aguentam mais..rsrsrs. Débora

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