O mundo é incrível, nós é que somos indiferentes
Esse post marca novamente o retorno ao blog, dessa vez vai, rs.
É algo que sempre quis escrever, mas por falta de tempo, veio outro e "pimba!".Texto extraído do site papodehomem.com.br (ah, por que simplesmente não colou aqui um link pro site?
Well, tô querendo voltar a escrever e essa é uma maneira de retomar o blog, primeiro lendo outras coisas, depois opinando sobre e por último escrevendo algo realmente meu)
Autor: Alberto Brandão
Boa leitura!
O comediante Louis
CK tem uma entrevista fantástica, intitulada “tudo é incrível e ninguém está
feliz”.
Com esse olhar que começo esse texto:
Vivemos em uma das
eras mais fantásticas da nossa história e nossos contemporâneos estão por aí
perdendo tudo isso, olhando uns para os outros com um olhar blasé, com a
indiferença de quem está acostumado com tudo e não dá a mínima para o que está
acontecendo.
Desde que nossos ancestrais mais antigos saíram da pangeia, que
aprendemos a cultivar nossa própria comida e nosso cérebro sofreu uma enorme
mudança, sendo capazes de compreender informações e melhorar processos. Desde
as pirâmides, Grécia antiga, Roma, escola de Pitágoras, grande muralha da
china, ENIAC ou qualquer outro marco evolucionário que possamos destacar.Nunca
tivemos acesso tão fácil a tanta informação.
Temos acesso
praticamente ilimitado a todos os assuntos existentes e, se não conseguirmos achar
nada sobre isso, podemos encontrar alguma pessoa que nos apontará uma pista de
onde procurar. Podemos acessar praticamente qualquer material, sabendo que ter
ou não dinheiro, nunca importou tão pouco.
Nossas pequenas caixas de areia
Gostamos de nos portar
como pessoas evoluídas, mas conhecimentos valiosos estão morrendo com as
pessoas mais velhas, simplesmente porque não sabemos dar o devido valor.
Gostamos de nos iludir, achamos que desfrutamos de um imenso mar de
conhecimento, quando na verdade, estamos brincando em uma caixa de areia, onde
sentimos uma vaga ideia de como seria navegar nesse mar.
A internet tem uma
quantidade ridiculamente grande de sites, blogs, fóruns e todo formato
agregador de conteúdo. Eu sei que você sabe disso. Mas qual a última vez que
navegou além das páginas que acessa com frequência? Quando foi que tentou
entender um assunto além dos dois primeiros parágrafos da Wikipédia? Somos uma
raça superficial, nos tornando cada vez mais superficial.
Nadamos segurando
na borda da piscina, só sabemos aquilo que conseguimos enxergar da borda.
Quando foi a última
vez que ouviu um álbum por inteiro? Escutou todas as músicas, na ordem que foi
planejado e organizado? Quando foi a última vez que procurou escutar músicas
que nunca ouviu antes? Compositores clássicos, estilos diferenciados, artistas
de um país tão pequeno, que não sabe pronunciar o nome? Já escutou um Rock
Nigeriano? Ou uma escola de samba finlandesa?
Podemos ter acesso
a tudo isso, mas insistimos em nos manter dentro dos limites da nossa caixa.
Não há tanto tempo
assim desde que eu precisava esperar uma música passar na rádio, para gravar e
poder ouvir de novo. Os mais novos não conhecem a frustrante sensação de ouvir
uma musica fantástica na rádio e nunca mais encontrá-la novamente.
Podemos escutar toda música que já passou no mundo. Tudo que está passando agora e nem sonhamos.
Podemos escutar toda música que já passou no mundo. Tudo que está passando agora e nem sonhamos.
Novamente, nunca
foi tão fácil.
E pior, sistemas
estão sendo desenvolvidos para nos colocar cada vez mais dentro desta caixa.
Seu tocador de música sugere coisas idênticas ao que está escutando, seu site
de vídeos e filmes sugere similaridades do que gosta, e você, sem perceber, se
fecha em um mundo inteiramente limitado. Sites de busca mostram resultados
filtrados para se parecer com o que mais procura, redes sociais mostram apenas
conteúdo dos amigos que mais conversa. Sem perceber, você vai ficando preso a
uma realidade.
De repente, todo
mundo tem uma opinião similar à sua. Tudo diz o que você quer ouvir, assim, sua
ilusão se torna cada vez mais real.
Você está sendo
tratado como uma criança mimada, com pais que não contrariam, só mostram o que
vai agradar.
Deixe-se deslumbrar
Fotografias nem
sempre foram acessíveis.
Quando criança,
sempre quis ter uma máquina fotográfica, demorei muito tempo para ganhar a
primeira e, ainda assim, filmes e revelação eram caríssimos. Não tirávamos foto
de qualquer coisa. Fotografia era um momento especial, nos vestíamos
apropriadamente para isso. Hoje em dia tenho quatro câmeras de qualidades
diferentes em casa e não tiro fotos quase de nada.
Quando fotografias
ainda eram pinturas, representando apenas aqueles que tinham poder para
contratar um artista e ilustrar sua imagem, tudo era diferente. Mas imagine
quantos momentos preciosos não foram perdidos por falta de uma simples câmera?
Agora que temos
recursos amplos, todo aparelho celular tem uma câmera embutida, porque tratar
isso como algo ruim? Certamente nossos ancestrais nos achariam malucos de
desperdiçar toda essa possibilidade.
Por que nos
incomoda tanto quando alguém posta foto de comida no instagram? Deixem as
pessoas filmarem gatos sendo engraçados. Vamos editar de vídeos de Harlem
Shake, afinal, quantas vezes em toda nossa história fomos capazes de gerar uma
piada mundial, compreendida por todas as culturas?
Não somos obrigados
a gostar e participar de tudo, mas o excesso de reclamação é tão ou mais chato
que todos esses hábitos descritos acima.
Tudo é fantástico e
você está perdendo tempo vendo apenas o lado negativo de tudo. Usei o exemplo
das câmeras para ilustrar, mas temos feito isso com praticamente tudo. Estamos
perdendo a noção de quanto tudo é fantástico.
Não precisamos nos
tornar escravos da modernidade, mas não ver o quanto tudo é lindo e perder a
oportunidade maravilhosa de viver e se deslumbrar com o mundo é bem triste.
Saiba desligar
todos os seus aparelhos luminosos e passar um final de semana isolado em uma
cachoeira. Mas sorria sozinho quando voltar pra casa, voando numa máquina de
quase 80 toneladas.
Entenda quanto tudo é
incrivelmente maluco e por isso, muito mais fascinante.* * *
Meu complemento:
Escreverei depois um texto que indique o quão privilegiado somos, não em termos tecnológicos, mas em termos de evolução humana mesmo. Em breve, rs (dessa vez eu retorno mesmo ao blog).