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A consultoria é um misto de conhecimento, muita informação, informação constantemente atualizada, empatia, percepção, sintonia interna e empatia, visão sistêmica, facilidade de encontrar caminhos e soluções, propensão e arte para a ação, novamente empatia, muito bom senso e muita facilidade de interação pessoal. Enfim, é simples, mas não é fácil!



Erros!!!




Quem nunca errou? Quem nunca deu uma escorregada? Quem nunca pisou na bola durante o trabalho ou num projeto?
Essa é uma questão meio que tabu, mas vamos lá. Um texto agradável pra falar de um assunto muito punk.
No ambiente corporativo, cheio de regras, com o foco sempre na produtividade, um erro sempre pode ferrar com uma negociação. Seja por inépcia dos gestores ou mau momento da equipe estratégica.
A inexperiência ou mesmo mau domínio das regras de negócio é muito difícil de ocorrer em grandes grupos de empreendimentos. Mesmo porque, essa gente grande não tá acostumada a perder, portanto não se arriscam sem um bom gestor. Então costumamos acreditar que em equipe bem montada, bem patrocinada, a tendência é ter zero de erros e zero de recall.   Né?
Nem sempre. Já vimos exemplo de empresa grande e conhecidíssima vindo a público solicitar que seus clientes de um lote X, compareçam para troca de peças, regulagem em algum equipamento, etc. Ultimamente, várias já caíram nessa situação.
Geralmente pensamos que foi um erro de equipe. Que o time foi montado de maneira errada. Erro de gerente de projeto, erro de analista de negócios ou até mesmo do gestor geral.
Mas acredito mesmo que a maioria não seja por inépcia. Há uma linha muito sutil que separa o preparo da canastrice. E olhos bem treinados normalmente conseguem distinguir um do outro. Porém o que ocorre nas contratações tem se mostrado muito distante dessa garantia. Claro que a maioria das empresas consegue identificar muito rápido, uma vez que o portador do currículo “fake” esteja em projeto.
Portanto, despreparo de equipe em time vencedor, raramente acontece. Eles têm muitas ferramentas pra facilitar, a grana é muito grande.
Pra resumir o que ocorre nas grandes: uma equipe de dois caras bons acaba crescendo e contrata apoios (dos bons). Cresce mais ainda a capacidade de negócio, causando seu crescimento no mercado. Consequentemente aumenta-se a equipe para que se mantenha a liderança. Aquela velha história de que dinheiro atrai dinheiro, mas que com um pouquinho de talento, atrai muito mais.

Mas e por que ocorrem os erros “felomenais”?
Costumo acreditar que nem tudo é o que parece, por isso dou sempre uma pesquisada. Isso vem de longe, de época que eu ainda construía a minha personalidade.  Mas alio a isso a vivência pelos lugares que passei.
O bom de participar de derrotas de algumas equipes, como um recurso atuante, é a experiência de vivenciar as merdas que acontecem. Shit Happens, sempre e sempre. Conheci um gerente de projetos que costumava falar que ele estava naquela profissão não para dar resultados, mas para evitar as merdas que surgiam. Na opinião dele sempre surgiam. Então quando ele terminava o ano, não contabilizava os projetos que deram certo, mas sempre os que falharam povoavam o seu escore.
Aprendi um bocado de coisas com esse caboclo. Mas o que mais aprendi em todos os projetos que participei é a incógnita comum. Explico: incógnita comum é o fator Deu Merda.
O fator Deu Merda é o seguinte, tudo foi feito para se arranhar a superfície da perfeição. Métricas foram estudadas, metodologias infalíveis foram utilizadas, ferramenta perfeita foi comprada, equipe gabaritada. Tudo certo. Mas o projeto naufragou porque o patrocinador estava enfrentando uma crise financeira sem tamanho, a grana acabou e cancelaram tudo.
Ahh, mas e os nossos vendedores, não avaliaram a saúde financeira desse cliente? Por que não viram isso antes?
De fato, foi feito tudo nos conformes. Negociação perfeita, sem erros, o respaldo do cliente é ele participar do grupo dos grandes. Conhecidíssimo. E por que não fechar negócio?
O fator Deu Merda, neste caso aqui, é a certeza de que tudo será perfeito. Mas podemos chamar também de fator Deu Merda a confiança absurda da equipe perfeita.
O fator Deu Merda nem sempre vem com um valor apenas. Ele é a variável que mais trabalha, se alternando de valor a cada período. Uma hora ele significa excesso de confiança, noutra é grau elevado de risco, algumas vezes é oscilação negativa e inesperada do mercado, e se associar o elevado com o negativo aí a merda é grande mesmo. Tem até razões pessoais de um gestor chave estava envolvido na negociação (caganeira, acidente, corrupção – esta é muito comum no setor público).
Equipes ruins existem, embora em pouquíssimo número. Pois a seleção natural do mercado acaba por consumi-las. As que são consideradas inadequadas conseguem no máximo sobreviver um ou dois anos. E seu erro comum é acreditar que qualidade pode ser conseguida com corte de custo. Não vai, não rola, não agrega “statis”. Equipe ruim sempre está associada a baixo orçamento.

Pra falar de erros, vamos falar dos grandes, rs. Nestes, os erros que dão merda dão um resultado muito mais estrondoso, rs. Melhor não citar ninguém, né? Esse erro não quero cometer, rs.

Mas o legal é quando avaliamos esses fatores e descobrimos o quão bizarro eles são, mas ao mesmo tempo tão comuns.
Cito um apenas, tão comum e tão ridículo. O Deu Branco. É toda uma preparação, concentração, táticas elaboradas e coisa e tal. Mas na hora o Deu Branco aparece, some tudo da mente, sofremos um apagão e o raciocínio se perde. Quanto mais elaborada é a tarefa, mais complicada, que mais exige sangue frio, mais será o poder de atração para esse tipo de erro. O cara tá lá na frente, tudo decorado, ele domina o tempo e a atenção dos expectadores e de repente a voz não sai. Uma câimbra parece tomar posse do seu instrumento de comunicação. Não é a câimbra é uma sinapse de um grupo de neurônios que não foi completada. O encadeamento de ideias perdeu um elo e a construção da frase determinante pra conclusão da ideia se desmorona. Gagueira, o S sai assoviado, e o sujeito começa a fazer gestos de condutor de trânsito. E como esse gesto é típico, todos começam a encara-lo, a coisa piora num redemoinho de erros que o jeito é dar uma pausa ou pedir pra ir cagar.

Acabei de assistir uma cena que deu dó e ao mesmo tempo vontade de rir. Olimpíadas de inverno (Sochi.RU), a câmera fecha no casal de patinadores russos, ela toda durona segurando a mão dele, fixa o olhar e começa a repetir: não caia, não vá cair, esse é o nosso momento, fique frio, não vá cair, somos imbatíveis, estamos bem seguros, não caia carai, entendeu? (foi isso que entendi na leitura labial da russa, rs). Ele baixa o olhar e responde: claro querida, vamos arrasar.
No décimo segundo da apresentação, primeira pirueta dupla, o narrador do canal de esportes, afiadíssimo e conhecedor de todos os termos técnicos dessa modalidade, diz que é a pirueta duo xxxxx. E o negão, sim ele é um russo da minha cor, um russo bem russo, kkkkk,  ploft no chão. Carai, negão, ela não disse que é pra ficar firme? Pô, tinha que ser logo na entrada? kkkkkkkkkk.
Claro que não foi apenas ele quem tremeu na base. Ela acabou caindo quase no final. Não sei se por nervosismo mesmo, tipo: fodeu, perdemos, caralho!!! - ou se por companheirismo, se é pra cair, vamos juntos.

E a falha que observei dos narradores esportivos, os mesmos especialistas lá de cima, acompanhados de professores, ex-atletas, só equipe entendedora da modalidade. Vem a primeira dupla, russa, dança magnificamente, aplausos, ursinhos e rosas atirados pela plateia. A torcida de casa ovaciona até o aquecimento. Os narradores indicam as peculiaridades de porque essa dupla mereceu a nota, blá blá blá técnico. A segunda equipe chega, russa também, plateia ao delírio aplaudindo até a limpeza dos patins. Narradores seguros e se achando juízes do esporte, dão sua nota e indicam a primeira equipe como vencedora. Apontam inclusive erros grosseiros da segunda. Tudo bem explicadinho, mas vem a nota e desmente tudo. Pra isso sempre tem uma saída, e a desses dois foi formalizar no final – achamos que a primeira equipe é merecedora, mas o critério que os juízes usaram é que determinou a dupla vencedora.

Mas esses tipos de erros, tão comuns, acontecem sempre. Quando menos se espera, PLOFT...

E só temos que tirar lições aprendidas e apreendidas disso tudo. Shit Happens, always. Preparem-se para isso, pois é o divisor de águas quando se trata de equipes vencedoras e equipes que não chegam lá. Valendo aquela máxima: o homem que não errou é aquele que ainda não tentou. Mas aprenda, não tenha medo de errar, contanto que não cometa o mesmo erro mais de uma vez.
By Milton Ramos